27/03/2012

Orientação Vocacional


O ser humano é uma especialidade, sendo cada um único e original no jeito de ser e perceber o mundo em que vivemos.

Diante de qualquer objeto ou manifestação da natureza, cada pessoa lhe dá um sentido, um significado, cada um cria um cenário onde a vida se desenvolve.

Ao observarmos uma pequena semente:

- o artista observa seu desenho e sua cor.
- o comerciante avalia a possibilidade de seu faturamento no mercado.
- o biólogo a classifica segundo sua espécie.
- o historiador observa sua origem e os movimentos de expansão.
- o agrônomo observa a possibilidade do florescimento de seu ciclo.

Para tantos outros são infinitas as possibilidades.

Uma essência é um princípio abstrato, sem tempo nem espaço; é a trajetória de uma função; um ciclo determinado a se revelar.

Sementes de girassóis, por exemplo, estão determinadas a crescer com caules eretos, folhas amarrotadas e flores tão exuberantes que nos seduzem pelo tom vibrante de suas pétalas amarelas. Jamais imaginaríamos a natureza e a trajetória de seu ciclo vital observando apenas suas sementes.

Uma pessoa também já nasce com uma essência e, portanto, determinada a ser feliz. Por isso precisamos dar-lhe liberdade de expressão para que seu potencial seja visualizado e revelado ao mundo.

Esta autoconsciência é o senso de direção que nos coloca nos lugares certos, que nos faz sentirmos valorizados pessoalmente, que faz olhar a vida apaixonados e com motivação para nos aventurar e também para se dignifique e justifique todo o trabalho no ciclo da vida.

Mas esta é uma tarefa pessoal: descobrir e construir o próprio caminho. Por que o sentimento é responsabilidade de cada pessoa – dor ou prazer.

No momento em que é hora de tomar decisões quanto ao futuro e as profissões percebemos a necessidade de tomar consciência sobre a natureza do mundo interior da pessoa, isto é, visualizar como um raio-X, o interior da personalidade – seus talentos, habilidades e interesses para que possa se sentir segura. Assim o que está escondido fica iluminado, o latente manifesto, o interior é trazido à superfície; o que há de organizado e confuso se desvenda.

A orientação vocacional é o instrumento pelo qual se faz a luz – através de entrevistas e técnicas projetivas a pessoa consegue visualizar seu jeito de ser e de conceber a vida e com isto naturalmente materializar àquelas realizações que lhe tem significados.

Pessoa autoconsciente produz mais e melhor e acima de tudo é feliz por que encontra identificação e reconhecimento naquilo que produz. O valor de suas realizações é infinitamente melhor.

05/03/2012

Vínculos

Vento terno e suave.
Um anjo fixou seu olhar no meu, tocou meu útero, criou um elo que não nos separa. 
Agora eu me sinto protegida.

Laços espontâneos e naturais...
Laços que se constroem...
Laços que se modificam com o passar do tempo...
Laços que libertam e que aprisionam...
Laços eternos...
Sempre laços.

De que natureza compõe o fio, o elo que nos unem às pessoas que amamos? Como é a textura, a resistência e a flexibilidade da trama que estrutura este laço?
Lembrando Exupéry: “O essencial é invisível aos olhos. Só se vê bem com o coração”.

Vínculos fortes e bem estabelecidos nos fazem olhar a vida com confiança em si mesmo e no futuro. A certeza de um amanhã com luz, esperança e segurança. 
A mão que nos ensina os passos e indica os caminhos bons nos desenvolve a crença no valor pessoal.

Vínculos são viscerais. Somos tomados por inteiro, na alegria e no desespero.

Para se viver um grande vínculo, há que se ter coragem. Coragem para se entregar e se humanizar, coragem de ser espontâneo. Tomar consciência do caos interior e se posicionar. Coragem de ser irracional, de perder o controle, de ser ambivalente, de se emocionar, rir e chorar, querer viver e morrer, de sentir dor e prazer – correr riscos.

Estes riscos fazem a vida ter sentido: na vida é imprescindível evoluir com significado interno, ampliar a consciência de nós mesmos. Por isso toda paixão será eternamente valorizada, por que ela indica nossas necessidades afetivas mais profundas.

Há que se ter coragem de nos reconhecermos como seres humanos, com fragilidade, limites e disposição a evoluir. Somente aceitando nossa fragilidade compreenderemos a fragilidade de nosso amado. Isso fortalece o vínculo.

Para construirmos um vínculo resistente e flexível, há que se ter independência, autonomia e consciência de valor, por que é preciso ter respeito à individualidade de cada um, e às vezes nossas expectativas podem ser pesadas demais, e por algum motivo o nosso amado não esteja preparado a evoluir ou não ser forte da maneira como desejamos. Precisamos ter cuidado com o nosso amado.

Para construirmos um vínculo de amor também há que se ter respeito à liberdade. Por que o mundo de cada um é único e às vezes até absoluto. E nosso amado pode escolher partir ou ficar um tempo distante para cuidar de suas necessidades individuais. E às vezes, este silêncio é longo demais e a gente até desconfia da existência do laço. E precisamos respeitá-lo, para o seu bem, para o nosso bem, para nossa evolução. E mesmo distante nós o amamos, e ele continua a nos inspirar.

Pessoas muito especiais passam por nossas vidas e nos sensibilizam profundamente, deixam marcas dentro de nós – transformam o nosso jeito de olhar as coisas. Por isso precisamos aprender a amar sem sofrer, a valorizar cada momento em que estamos juntos, por que estes não voltam jamais. Precisamos aprender a nos gratificarmos com a presença do outro e eternizar este instante. Confiantes de nossa capacidade de usufruir afetivamente.

Estes laços não se rompem jamais, sempre estarão vivos dentro de nós, apesar do tempo, das mudanças, dos ciclos de vida, das escolhas pessoais e por que não dizer da morte.

− Vai, eu me rendo, eu aceito a vida e o modo como as coisas acontecem mesmo sem compreender os porquês.
− Vai, encontra o teu caminho e confia no meu amor.

Distante ou perto fisicamente eu estarei ao seu lado.
Admirando-te...
Contemplando-te...
Conspirando tua alegria...
Ora tentando protegê-lo, ora tentando libertá-lo...
Desejando o teu bem...