─ Agora você me vê completamente indefeso e vulnerável. Assim eu me entrego a você.
─ Eu o amo ainda mais.
Assim se configura o diálogo dos amantes.
Amar é mergulhar nas próprias sombras, nos vales selvagens, longínquos e profundos de nossa psique. É encontrar na vida um significado, um sentido, é trazer a beleza e a força da paixão como também encarar a dor, confrontar as ilusões, os ideais, a realidade nua e crua dos nossos limites. No entanto este desbravamento nos conduzirá a uma ampliação da consciência de nós mesmos.
O amor faz sentirmos expansivos, faz-nos olhar a vida com vibração mais aflorada e refinada. O amor é uma energia que liberta ─ jamais aprisiona. O amor é sempre um bom encontro.
Como dizem os filósofos: não amamos o que queremos e sim o que desejamos. O querer é a consciência daqueles lados de nós mesmos que já conhecemos ─ é razão. Já o desejo é abertura, um mergulho no vazio; é a procura pelas necessidades pertencentes a nós mesmos ainda não descobertas ou revelada s que através de atitudes espontâneas e livres são adquiridas.
O amor é um encontro consigo mesmo. Procuramos no outro e admiramos o jeito do outro e nesta convivência acabamos por descobrir a nós mesmos.
Para amar é preciso coragem! Não a coragem de se aventurar diante dos medos alheios, mas diante dos próprios medos, por que amar sempre nos colocará diante das possibilidades de perder e sofrer. Na mesma intensidade do prazer, da sensação de estarmos protegidos e acolhidos pelo outro, está a polaridade inversa, a alucinação da dor de perder ─ o vazio de não pertencer, a possibilidade do outro não existir. É dor dilacerante o confronto da sensação de ter o ser amado vivo dentro de si e a constatação da ausência material do ser amado em nossa vida.
Amar é tarefa não fácil, pois antes de tudo nós devemos nos responsabilizar pelos nossos sentimentos e tratar de cuidar da nossa individualidade. Devemos nos conscientizar daquilo que nos falta, e ao mesmo tempo cuidar do outro, respeitar o seu direito de ser e construir seu caminho. A cada um lhe cabe o direito de ir, de mudar, de conduzir a vida com autonomia e liberdade. É fato! Somente temos o domínio sobre nós mesmos, sobre nossa individualidade, e esse é o primeiro foco a ser considerado na arte de amar; e desenvolver a competência de viver sozinho é o primeiro passo para iniciar uma relação afetiva bem sucedida.
Assim nos sentiremos seguros para ao outro nos entregar, para fazer a vida adquirir uma amplitude, inspiração poética ─ nos colocando dignos do investimento afetivo do nosso amado. Para que possamos crescer.
Para se viver um grande amor...
É preciso antes de tudo ter orgulho de si mesmo nas atitudes, pois antes de amar o outro é preciso amar a nós mesmos, estar em sintonia com os nossos sentimentos.
É preciso quebrar o narcisismo: somos todos crianças na tarefa de aprender a amar.
Para se viver um grande amor...
É preciso ceder a mão quando o nosso amado nos convida a dançar, nos passos trêmulos tentar se adequar ao ritmo; mas se um dos dois escorregar, a mão do outro apóia e levanta, e a dança continua.
Espero que sejamos livres e abertos para questionarmos e nos posicionarmos a quaisquer imposições do sistema social para que o verdadeiro amor possa se manifestar.
Se eu tenho um coração e você tem um coração, então podemos nos amar...
Ótimo texto, obrigada por compartilhar!
ResponderExcluirEngraçado que ele toca em vários pensamentos que eu tive,durante o dia de hoje.
Um beijo, boa semana!